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Voltei para casa, fui para o meu quarto, sentei na beira da cama; chutei os sapatos e cai no choro. Quero que vocês saibam que eu chorei até meu nariz escorrer molhando a blusa que comprei na liquidação. Chorei até minha cabeça doer tanto, que eu mal via a pilha de lenços de papel no chão aos meus pés. Quero que vocês saibam que ontem eu chorei pra valer. Ontem, eu chorei por todos os dias em que estive ocupado demais, ou cansado demais, ou com raiva demais para chorar. Chorei por todos os dias, por todas as formas e por todas as vezes em que desonrei, desrespeitei e desliguei meu Eu de mim mesmo. Mas meu Eu se refletiu de volta pra mim quando os outros fizeram comigo as mesmas coisas que eu já fizera comigo mesmo. Chorei por todas as coisas que me foram roubadas; por todas as coisas que eu pedi e não consegui receber; por todas as coisas que depois de conquistar, eu dei a outras pessoas em circunstâncias que me deixaram vazio, gasto e exaurido. Chorei porque realmente chega um momento em que a única coisa que nos resta é chorar. Ontem, eu chorei; Chorei porque feri, e fui ferido; Chorei porque a ferida não tem para onde ir se não até ao mais fundo da dor que a causou, e quando chega lá, a dor acorda você. Ontem eu chorei um choro espiritual, que me fez muito bem, e me fez muito, muito mal. Mas eu podia sentir minha liberdade vindo para mim outra vez, porque ontem eu chorei sobre cada momento da minha vida.